Realizou-se, no último dia 21 de julho, no Salão Nobre do Bunkyo, a palestra do deputado Mikio Shimoji, membro da Câmara dos Representantes do Japão, sobre a recepção em seu país de nikkeis da quarta geração (yonsei).
O concorrido evento reuniu cerca de 170 pessoas e foi promovido pelas cinco entidades parceiras: Bunkyo, Enkyo, Kenren, Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil e Aliança Cultural Brasil-Japão, e o CIATE – Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior.
Além do deputado Shimoji, que esteve acompanhado dos deputados Toyofumi Yoshida (Câmara dos Representantes) e Takayuki Shimizu (Câmara dos Conselheiros); o encontro contou com a presença do deputado federal Walter Ihoshi, representantes de várias entidades nipo-brasileiras e dos próprios interessados, os yonseis.
A Lei de Controle da Imigração instituída em 1990 prevê o status de permanência no Japão como “residente de longa permanência” até aos descendentes da terceira geração, possibilitando assim a residência e trabalho dos decasséguis brasileiros.
Ao longo desses 27 anos, o movimento desses trabalhadores no Japão passou por diferentes fases e dificuldades, incluindo a de 2008 quando a crise global obrigou o retorno de cerca de 55 mil trabalhadores ao Brasil.
Com a retomada da economia japonesa e o prolongamento da crise brasileira, a possibilidade de trabalhar no Japão volta a despertar interesse dos nipo-descendentes, incluindo os da quarta geração (yonsei).
Se por um lado a mão de obra yonsei poderá atender às necessidades do mercado japonês, por outro lado, há a preocupação de repetir os problemas semelhantes enfrentados pelas gerações anteriores (nissei e sansei), tais como desconhecimento da língua e da cultura japonesa. Aliás, em relação a isso, o governo tem recorrido à mão de obra dos países vizinhos do Sudeste Asiático, acolhendo-os como estagiários por três anos em suas empresas e incluindo-os em vários programas de ensino técnico, como também de aprendizado da língua japonesa.
Proposta de recepção aos yonseis
O deputado Shimoji, em sua palestra, informou que no próximo mês de novembro pretende apresentar junto à Câmara de Representantes uma proposta de recepção dos descendentes de japoneses da quarta geração, conforme adotado no sistema de “working Holiday”.
Contou que no início de fevereiro último, em reunião no Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes, perguntou ao primeiro-ministro Shinzo Abe sobre a possibilidade de recepção aos yonseis. De acordo com ele, o premiê destacou “a necessidade de corresponder à forte admiração e ao carinho que os descendentes de japoneses, incluindo os da quarta geração, nutrem pelo Japão”.
Esta declaração, afirmou o deputado Shimoji, foi uma espécie de “sinal verde” para os estudos que tomaram direção ao sistema do “working Holiday”, que atualmente o Japão mantém com 18 países e regiões.
Por este sistema, o interessado poderia ingressar no país pelo período de um ano, desacompanhado da família, para se dedicar ao aprendizado da cultural e também trabalhar para complementar os recursos necessários à sua manutenção.
O deputado Shimoji, em sua palestra, ressaltou que ainda estão sendo estudados os detalhes para implementar essa proposta, mas a princípio, haveria direito a permanência de 3 anos, acompanhado da família, e viria para estudar e trabalhar numa empresa pré-determinada. Após esse estágio, caso seja aprovado (incluindo por bom comportamento!) esse yonsei teria o direito ao visto de longa permanência.
Detalhes sobre o funcionamento na prática desse sistema ainda estão sendo estudados pela equipe, destacou o deputado Shimoji, lembrando que, além da visita a São Paulo, antes passou pelo Peru para conhecer in loco as comunidades nikkeis e ouvir os interessados.
Assegurou ainda que, retornando ao Japão, pretende reunir-se com os envolvidos locais em busca de mais informações para formular a sua proposta e depois submetê-la a audiência popular, antes de apresenta-la à Câmara dos Representantes.
Em São Paulo, os deputados também estiveram reunidos com representantes das entidades nipo-brasileiras, ocasião em que, entre outros itens, buscou-se encontrar uma organização que fosse a referência no Brasil para a gestão desse “working Holiday”.
Animado com os resultados, que considerou positivos, o deputado Shimoji prometeu enviar notícias sobre o andamento dos procedimentos.