“Alcançamos plenamente os objetivos almejados”, assegurou Nelson Kamitsuji, presidente da Comissão Bunkyo Rural Kiyoshi Yamamoto, ao comentar sobre o Fórum de Inteligência Agronômica realizado nos dias 15 e 16 de setembro último, o Teatro da FECAP, em São Paulo.
“É admirável a transformação que está acontecendo em nosso cotidiano com o advento da inteligência artificial”, continua Kamitsuji, acrescentando que, ao escolher o tema da Inteligência Agronômica, objetivou-se “demonstrar a evolução da agricultura nos últimos anos, abordando também a significativa contribuição dos imigrantes japoneses”.
Na cerimônia de abertura do evento, na noite do dia 15, além da diretoria da entidade, destaque para a presença do secretário de Política Agrícola do Ministério de Agricultura, Guilherme Campos; subsecretário de Abastecimento do Estado de São Paulo, Diógenes Kassaoka; o cônsul responsável pelos Assuntos Econômicos do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Makoto Kitamura; além do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, responsável pela palestra magna.
“É com imenso orgulho que organizamos este Fórum com a participação de especialistas e representantes do setor para compartilhar com os senhores as valiosas informações que apontam a direção desse futuro que já começamos a viver”, ressaltou o presidente do Bunkyo, Roberto Yoshihiro Nishio em sua saudação.

Na abertura, o Presidente Roberto Y. Nishio (à dir.) “valiosas informações que apontam a direção do futuro que já começamos a viver”. Ao lado, Nelson Kamitsuji (presidente da Comissão Bunkyo Rural Kiyoshi Yamamoto), cônsul Makoto Kitamura do Departamento de Economia do Consulado do Japão e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura
Rodrigues, mostrar ao mundo a agricultura brasileira

Roberto Rodrigues, interlocutor do Agro na Cop 30: “mostrar ao mundo o que já foi feito, o que é possível ser feito e o que ainda tem para ser feito”
Na abertura do Fórum, Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor emérito da FGV, em sua palestra magna, a pedido dos organizadores, relatou sobre a sua participação como interlocutor do Agro Brasileiro na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30, que será realizada em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro próximo.
“Trata-se de uma oportunidade extraordinária para mostrar ao mundo o que realmente estamos fazendo na agricultura”, informa. Contratou “uma equipe de jovens competentes e entidades de classes ligadas ao agronegócio que está preparando um documento amplo, recheado de números, mostrando sobre a história da agricultura nos últimos 50 anos”.
Relata que, na primeira parte estará enfocando “o que o Brasil fez”; no segundo, “o que aprendeu a fazer aqui e queremos ceder a vocês”. E, para tanto, defende, “todo o mundo precisa de duas coisas – financiamento internacional e flexibilização das leis de comércio”.
Na terceira parte do relatório para a COP30, informa Rodrigues, estará abordando “o processo de desenvolvimento que não acaba nunca”, ou seja, falar sobre bioinsumos, inteligência artificial, pastagens degradadas, entre outros itens.
“Queremos mostrar ao mundo o que já foi feito, o que é possível ser feito e o que ainda tem para ser feito num processo que ainda não acabou”, ressaltou o palestrante.
No segundo dia, palestras e debates
O segundo dia do Fórum foi dedicado às palestras técnicas ministradas por diferentes especialistas, e debates mediados pela Dra. Rumy Goto, ex-professora titular de Horticultura da UNESP Botucatu e Diógenes Kassaoka, subsecretário do Abastecimento do Estado de São Paulo.
“Gestão e Governança no Mundo Digital de Inteligência Artificial” foi a primeira palestra com o professor Francisco Graziano Neto (Xico Graziano), ex-secretário da Agricultura e Abastecimento, ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e professor do MBA/FGV. Ele enfocou a rápida transformação sofrida nas últimas décadas, afirmando que o avanço da tecnologia não poderá ser impedido e que todos precisam estar atentos e aprender a se beneficiar dos novos recursos disponíveis.
“Com a Inteligência Artificial não será diferente, ela está se aperfeiçoando a cada dia”, acrescentou.

Xico Graziano: “o avanço da tecnologia não poderá ser impedido, todos precisam estar atentos”.
O engenheiro Agrônomo George Hiraiwa, atual coordenador do Polo de Inovação Agro (chancelado pelo Ministério da Agricultura), falou sobre o tema “O Agro Brasileiro tem forte DNA japonês” discorrendo sobre a participação dos imigrantes japoneses e do Japão nos avanços da agricultura brasileira. Destacou a importância de ressaltar essa cooperação no ano comemorativo aos 130 anos da assinatura do Tratado de Amizade entre os dois países.

George Hiraiwa: a participação dos imigrantes japoneses e do Japão na agricultura japonesa
Como tema“Evolução da Agricultura: da Enxada à Tecnologia Embarcada até os dias de hoje com Inteligência Artificial”, Dr. Gustavo Spadoti, chefe-geral da Embrapa Territorial de Campinas, apresentou o importante trabalho desenvolvido pela entidade e relatou que, em cinco décadas, o Brasil foi capaz de criar um modelo sustentável e competitivo da agricultura tropical sem paralelo no mundo.
Na prática, ressaltou, o país conseguiu converter solos ácidos em férteis transformando o solo, por exemplo, do Cerrado, que hoje é um grande celeiro mundial. Adaptou a genética para climas tropicais, tornando possível o cultivo de vários produtos de diferentes climas, e implementou práticas, produtos e processos resilientes, para tornar possíveis os sistemas de produção cada vez mais sustentável, sendo um modelo para outros países.

Dr. Gustavo Spadoti: “o Brasil foi capaz de criar um modelo sustentável e competitivo de agricultura tropical”.
Diferentes aspectos da inovação na agricultura
O professor na Fatec Shunji Nishimura e gerente geral do Centro de Inovação do Agronegócio da JACTO, Allan Siriani ao abordar sobre “O que é IA na agricultura”, descreveu algumas fases de desenvolvimento da agricultura e considerou que, de 2020 para cá, estamos na “Era da IA na agricultura”. Sustenta que o “novo adubo” da agricultura é a Inteligência Artificial.

Allan Siriani: inteligência artificial é o ‘novo adubo’ de agricultura
Já o engenheiro agrícola, Micael Duarte, da Yanmar do Brasil apresentou durante sua palestra sobre a “Inteligência Embarcada”, alguns exemplos dessa nova tecnologia como o Piloto Automático que, por meio do GPS, é possível coordenar o percurso do trator com precisão de centímetros e evita o desperdício por sobreposições no caminho (tais como passar duas vezes no mesmo lugar).
Outra vantagem, apontou Duante, é o ajuste automático da potência conforme a demanda, diminuindo significativamente o consumo de combustível, e a manutenção preventiva do equipamento para aumentar a sua durabilidade. Todos esses recursos podem ser monitorados em tempo real, com alertas inteligentes de manutenção e integração com os modelos de gestão.

Micael Duarte: as inúmeras vantagens da inteligência embarcada
Já o Superintendente de Inovação da Coplacana – Cooperativa dos Plantadores de cana-de-açúcar, Klever José Coral, discorreu sobre o tema “Como fazer chegar a IA aos pequenos agricultores”. Apresentando o trabalho desenvolvido pela Cooperativa no aspecto da inovação tecnológica e considerou fundamental que a modernização tecnológica chegue a esses pequenos produtores.
Aliás, nesse sentido, é pertinente os comentários do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e interlocutor da Agricultura na COP30 durante sua palestra:
“A inteligência artificial é bem-vinda, traz soluções fantásticas. No entanto, muitas vezes, pode ser um fator de exclusão social. Nesse sentido, o pequeno produtor fica muito arriscado nesse processo. Então, hoje, as cooperativas agropecuárias têm um novo papel que é o de disponibilizar a inteligência artificial aos pequenos agricultores”.

Klever José Coral: “é fundamental que a modernização chegue aos pequenos produtores”.
O Fórum de Inteligência Agronômica contou como patrocinador master a Yanmar e patrocinadores a Fundação Kunito Miyasaka, Jacto, Sansuy e Café Aliança. Os apoiadores foram Consulado Geral do Japão em São Paulo, JICA, Japan Foundation, Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, FECAP e OCESP.

Painel de discussão coordenado pela Dra. Rumy Gotoii (à dir.), com Xico Graziano, Dr. Gustavo Spadoti e Goerge Hiraiwa.

Painel de discussão coordenado pelo subsecretário de Abastecimento do Estado de São Paulo, Diógenes Kassaoka (segura o certificado de participação). À direita, Celso Mizumoto, à esq. Allan Siriani, Micael Duarte e Klever José Coral
Colaboração de Aldo Shiguti (editor do jornal Brasil Nikkei)
Fotos de Renato Souza






