Homenagem póstuma a Takeshi Kurihara

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Takeshi Kurihara

Realizou-se, na noite do dia 13 de janeiro, durante a reunião da diretoria, a Homenagem Póstuma a Takeshi Kurihara que faleceu aos 78 anos de idade, no dia 27 de dezembro, às 19h40, em Kumamoto (Japão), onde há quatro anos se encontrava em tratamento de saúde.

Nascido e residente em Tóquio e São Paulo, Takeshi foi casado com Yoko Kurihara, sem filhos. 

Engenheiro, formado em 1965 pela Universidade Meiji, ingressou na IHI (denominação atual da Ishikawajima Harima Heavy Industries) e em 1985 foi transferido para a subsidiária brasileira Ishibrás (sede no Rio de Janeiro), e permaneceu até o encerramento das atividades. Em 1998, assumiu a presidência do escritório de representação da IHI em São Paulo onde se aposentou.

Depois disso, continuou dividindo sua moradia entre Brasil-Japão, atuando no intercâmbio entre os dois países. Filho único, também se dedicava aos cuidados da mãe centenária e, por fim, ele mesmo ficou doente. 

A atuação de Kurihara junto ao Bunkyo

Longilíneo, cavanhaque grisalho, Takeshi Kurihara, apesar de seu comportamento discreto era uma figura inconfundível. Apesar de residir durante tanto tempo no Brasil, sua imagem ainda se identificava a de um executivo japonês e que, apesar dos anos, conservava fiel a algumas características adotadas por sua geração quando mais jovem.

A Homenagem Póstuma a Kurihara, na reunião do dia 13 de janeiro último, foi a oportunidade para rememorar a atuação dele e ressaltar sua contribuição ao Bunkyo, bem como à organização das festividades do Centenário da Imigração Japonesa, em 2008.

Quem acompanhou de perto e compartilhou essa vivência com o homenageado foi Eduardo Goo Nakashima, secretário administrativo do Bunkyo.

Conta que Kurihara foi lhe apresentado em 2004, pelo vice-presidente Osamu Matsuo, que por sua vez foi recomendado por Helena Mizumoto (então presidente do São Paulo Shimbun e membro do poderoso Comitê de Renovação). A indicação era para que, como voluntário, ajudasse a secretaria da entidade nas questões relacionadas à língua japonesa.

Assim, passou a colaborar na elaboração de textos em japonês, nos contatos com o Japão e, principalmente, na elaboração de discursos em japonês do presidente Kokei Uehara. Prestou grande ajuda na recepção ao primeiro-ministro Junichiro Koizumi, em setembro de 2004, ressalta o Nakashima.

No segundo mandato de Kokei Uehara (2005-2006), Kurihara foi nomeado assessor da Presidência (foi a primeira pessoa a obter esse cargo informal). Assim, além da elaboração de textos, passou a atender à recepção de visitantes japoneses no Bunkyo, bem como as questões que envolviam o relacionamento com o Consulado, Embaixada, JICA, Fundação Japão etc. 

Além disso, participava da execução de eventos gerais da entidade tais como: homenagem aos Condecorados do governo japonês, Ano Novo, Aniversário do Imperador, Missa Católica e Culto Budista para celebrar o aniversário da Imigração Japonesa no Brasil, entre outros. Também, em 2005, colaborou na organização das atividades comemorativas do Cinquentenário da Fundação do Bunkyo. Colaborou em outras comissões, como Biblioteca (principalmente execução da Feira de Livros), Atividades Literárias e Música (esses dois últimos como hobbies).

Na terceira gestão de Kokei Uehara (2007-2008), além de assessor da Presidência, foi nomeado presidente da Comissão de Administração do Museu Histórico da Imigração Japonesa (e, nesta condição, ciceroneou o então príncipe herdeiro Naruhito em sua visita ao Bunkyo-Museu durante as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa).

Naqueles anos movimentados de preparativos, ele não foi membro de nenhuma Comissão do Centenário. Tinha presença constante ao lado de Osamu Matsuo desde que este assumiu a presidência do Comitê Executivo do Centenário – atendia como conselheiro baseado em laços de fidelidade pessoal. Ao mesmo tempo, colaborou especialmente na edição japonesa da História da Imigração Japonesa no Brasil, obra coletiva de cinco volumes, narrando a trajetória dos japoneses e seus descendente na atuação em várias áreas.

Lídia Yamashita, atual presidente da Comissão de Administração do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, – com quem dividiu a coordenação do Museu na época da comemoração do Centenário da Imigração Japonesa -, destacou a atuação de Kurihara nesse período. Além de ciceronear importantes autoridades, tais como o primeiro-ministro Junichiro Koizumi e o então príncipe herdeiro Naruhito, também estabeleceu diversas conexões com executivos de empresas japonesas sediadas no Brasil trazendo importantes recursos financeiros ao Museu.

Relembra que, no Centenário, adotou como bandeira o projeto de digitalização do acervo do Museu, um grande desafio que, mesmo depois de 12 anos, ainda continua sendo realizado.

Desde 2004, estruturalmente, Kurihara tinha convicção que deveria manter-se colaborando com a Secretaria do Bunkyo, onde foi acolhido pela primeira vez como membro da “colonia = comunidade nikkei”, revela Nakashima.

Takeshi Kurihara também foi diretor do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros (Jimonken) durante 2014/2016.

Em 2013, ele publicou o livro “Aratashiki” (termo que consta do famoso Man’yoshu – a mais importante coleção de poesia japonesa, compilada no século 8 d.C.-,  e se refere ao Ano Novo, novidades, plantas nascendo em meio ao rigor da neve, etc … De certa forma, o sentido dessa palavra  está relacionado ao conceito filosófico de Confúcio,  do Onko Chi Shin – semear bem no ano passado para frutificar bem no ano futuro).

Publicado em japonês, é um livro de memórias, com textos retratando os “momentos” de sua vida desde a juventude na Amazônia, e na maturidade Rio de Janeiro e São Paulo, além de passagens de outros países. Kurihara se orgulhava de dizer que conheceu todos os Estados do Brasil. Relembra ainda sobre várias passagens pelo Bunkyo, Museu Histórico da Imigração Japonesa e andanças pelo interior do país onde foram núcleos de assentamentos pioneiros dos imigrantes japoneses.

Takeshi Kurihara (primeiro à esquerda), durante visita do então príncipe herdeiro Naruhito ao Bunkyo e cerimônia de entrega de doação ao Museu da Imigração Japonesa (2008)

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