Uma tarde dedicada aos melhores da literatura

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Cerca de 70 pessoas estiveram reunidas no Salão Nobre, na tarde do dia 11 de novembro, para a cerimônia de outorga do Prêmio Bunkyo de Literatura 2023.

Organizado pela Comissão de Atividades Literárias, presidida pela professora Neide Hissae Nagae, o evento contou com a presença de Roberto Nishio, vice-presidente do Bunkyo e presidente da Fundação Kunito Miyasaka (FKM); vice-cônsul do Departamento Cultural e Imprensa do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Miyabi Ichimura; Célia Sakurai, presidente da Associação Cultural e Literária Nikkei Bungaku e Carlos Harasawa, diretor Cultural do Bunkyo.

Foi um evento muito movimentado e variado, prestigiando várias modalidades literárias. Na poesia, os melhores do haiku (poema de 17 sílabas, em língua japonesa), haikai (em português) e homenagem especial ao poeta Yoji Fujiyama. Na prosa, destaque para o prêmio para os livros com o tema “A mulher como personagem principal”, para a tradução literária japonês/português, o lançamento da antologia de contos e o painel sobre o escritor japonês Kenzaburo Oe.

Durante a cerimônia, foram lidos os poemas e trechos das obras vencedoras compartilhando com o público o ambiente festivo da literatura.

Os melhores do haiku

Na primeira parte do evento, foi realizada a entrega de prêmio aos vencedores do XIV Concurso de Haiku envolvendo duas modalidades: uma realizada remotamente (os participantes enviaram seus trabalhos por email ou correio) com o tema predefinido “Inverno” e outra presencialmente, no dia 8 de agosto, com o tema “Primavera”.

Na modalidade remota, foram oferecidas medalhas para os seguintes vencedores: 1º lugar – Masa Shibuya, 2º lugar – Hiroko Nishiyama, 3º lugar – Yumiko Yuri, 4º lugar – Atsuko Suga e Sayoko Kondo, 5º lugar – Sumiko Takeshita e Sakagami Miyoe.

Na modalidade presencial, os vencedores, além da medalha receberam um tanzaku (papel cartonado usado para escrever Haiku ou pérolas de sabedoria) caligrafado pelo mestre de shodo Joku Wakamatsu.

Saoko Kosai foi a vencedora da modalidade presencial, com o tema “Primavera”. Em 2º lugar ficou Tomiyo Hayashi, em 3º lugar Moriya Asaumi, em 4º lugar Yuzuri Ueda e em 5º lugar, Kiyoko Asaumi e Sayoko Kondo.

A coletânea das obras selecionadas dos Haiku em japonês e sua tradução em português pode ser acompanhada no site https://www.bunkyo.org.br/br/sobre-o-bunkyo/comissao-at-literarias/

Sequência da cerimônia de premiação

Na sequência, foram outorgados os diplomas aos três autores das obras vencedoras do 14º Prêmio Bunkyo de Literatura que adotou como tema: “A mulher como personagem principal”.

Em 1º lugar ficou a obra “Floradas em Atacama”, de autoria de Wellington Pereira Carneiro, publicado em 2022 pela Editora Paraquedas (SP).

O 2º lugar foi conquistado pela obra “Os Nossos Feitiços”, de Virgília Ferrão (residente em Moçambique), publicado em 2022 pela Editora Katuka de Salvador (BA).

O 3º lugar foi para a obra “Ave Marias”, de Carol Meyer, editado em 2021, pela Editora Astrolábio (SP).

Depois, foram chamados ao palco principal os vencedores do 2º Concurso Bunkyo de Haicai (que premiou um conjunto de 10 haicais independentes sob um único título).

O diploma para o 1º lugar foi para Antônio Seixas, de Magé (RJ), que apresentou seus poemas com o título “Haicais”.

O 2º lugar foi para Mônica Monnerat, de Santos (SP), com a série de poemas com o título “Por onde andares…”

O 3º lugar ficou com Regina Alonso, de Santos (SP), com os poemas intitulados “O caminho se faz caminhando …a natureza é o guia”,

A menção honrosa foi para Danita Cotrim (São Paulo), com a série de poemas “Inquietudes”.

Também foram premiados os vencedores do II Concurso Bunkyo de Tradução Japonês/Português que teve como material um trecho da obra “Tsuru no Fue”, da romancista e poeta japonesa Hayashi Fumiko (1903/1951).

Gustavo Perez Katague (SP) foi classificado com o Prêmio Especial com a tradução “A flauta do tsuru” e Isabel Suemi Pires (SP), recebeu a Menção Honrosa com o título “A flauta do grou”.

Yoji Fujiyama: homenagem especial

A cerimônia do Prêmio Bunkyo de Literatura 2023, que chegou à 53ª edição desde sua criação sob o titulo de Nikkei Bungeisho, preparou uma Homenagem Especial ao poeta Yoji Fujiyama (falecido em julho de 2023), um assíduo colaborador da Comissão de Atividades Literárias.

A Comissão preparou a edição “Poesia Completa” (Telucazu Edições, com apoio do Bunkyo), reunindo seus três livros de poesia, que estavam fora de catálogo: Nítida Paisagem (1955), A Manhã e seus Deuses (1958) e Outras Manhãs e seus Deuses (2015). Também inclui trabalhos que saíram apenas em jornais e até material inédito.

Ely Fujiyama, filha de Yoji, veio especialmente de Salvador para participar das homenagens e lançamento do livro.  No posfácio do livro ela escreveu: “Não tinha noção da grandiosidade de sua obra, da importância de ter sido o primeiro descendente de japoneses a publicar um livro de poesia em português. Acredito que se fosse por gosto e se as circunstâncias permitissem, ele teria sido poeta o tempo todo”.

Mais informações, veja no link: https://portal.nipponja.com.br/premio-bunkyo-de-literatura-presta-homenagem-a-yoji-fujyama/

Encerrada a homenagem especial, foi a vez de dar destaque aos melhores do 6º Concurso Bunkyo de Contos com o tema “Mistérios”. Além do lançamento da Antologia de Contos, os vencedores foram convidados para participar da tarde de autógrafos.

O conto vencedor indicado pela comissão de jurados foi “Noite Absoluta” de Zeca Nolf (José Fernando Martins Nolf); em 2º lugar ficou “A Velha” de Amílton Alves (Amilton Alves da Silva) e em 3º lugar, “O Demônio Atravessado na Garganta” de autoria de Caliel Alves (Caliel Alves dos Santos).

A edição da antologia do VI Concurso Bunkyo de Contos foi patrocinada pela Fundação Kunito Miyasaka.

Painel sobre o escritor Kenzaburo Oe

Como ocorreu na edição anterior, o Prêmio também organizou um painel trazendo discussões relacionadas à literatura. Desta feita, foram convidados especialistas para abordar sobre as obras do escritor Kenzaburo Oe, falecido em 3 de março de 2023, aos 88 anos de idade.

Nascido num vilarejo de Shikoku, tinha 6 anos quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Começou suas atividades literárias em 1957 e, ao longo de sua carreira conquistou os mais importantes prêmios literários do Japão e, em 1994 foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura.

Participaram da conversa, o diretor editorial Angel Bojadsen da Editora Estação Liberdade que publicou as últimas traduções em português: “A substituição ou as regras do tagame”, em 2022 e “Adeus meu livro!”, em 2023 (ambos com a tradução de Jefferson José Teixeira) e Rodrigo Tadeu de Araújo Santos, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da USP com estudo sobre “Jovens de um novo tempo, despertai!” (uma das obras de Kenzaburo Oe).

Também fez parte do painel a professora Neide Hissae Nagae da USP, que possui artigos sobre Oe e traduziu para o português o conto “Ensine-nos o meio para superar nossa loucura” na antologia Contos de Oe, 1995, editada pelo Centro de Estudos Japoneses da USP.

Galeria de fotos

Foto 1: Durante a cerimônia, aplausos para a saudação do diretor Cultural Carlos Harasawa (em pé)
Foto 2: Ely Fujiyama, agradecimentos emocionados pela homenagem especial ao pai Yoji Fujiyama.
Foto 3: André Kondo (à dir), da Telecazu, responsável pelas edições da antologia de contos e “Poesias Completas” de Yoji Fujiyama.
Foto 4: Durante o evento, à esq. Prof. Wataru Kikuchi, do Departamento de Letras Orientais da USP; Toshio Katsurayama, diretor da Nikkei Bungaku; Profa. Neide Nagae, presidente da Comissão de Atividades Literárias; Cristina Zoriki, diretora de Comunicação; vice-presidente Roberto Nishio, diretor Carlos Harasawa e Carlos Fujinaga, diretor cultural da Aliança Cultural Brasil-Japão.
Foto 5: Coffee break preparado pela Comissão de Gastronomia do Bunkyo, decoração da Comissão de Ikebana.
Foto 6: Recepção da Cerimônia – Thaís Bresolin (esq) e Cristiane Sato (dir).

Confira o calendário de eventos completo