Na manhã do último dia 18 de agosto, na Sala de Reuniões do edifício Bunkyo, uma tradição que se repete anualmente – o encontro dos poetas de haiku para mais uma rodada para compartilhar do “fazer” poesia à moda dos japoneses seguindo um ritual já consagrado.
Trata-se do haiku em japonês que tem como regra mais seguida no Brasil a presença de um kigo, termo sazonal, na elaboração do poema considerado o mais curto do mundo, com apenas 17 sílabas poéticas.
Esta foi a versão presencial com tema apresentado no dia – chamada de sekidai – do 15º Concurso Nacional de Haiku que se somou à versão kendai que se refere à participação com tema apresentado previamente. Nesse caso, os participantes enviam seus poemas por carta ou e-mail para o concurso de haiku.
Sekidai
Os haikuístas se reúnem e, com um tema estabelecido no início pelos jurados (sem aviso prévio), cada um compõe o seu poema haiku e anota em folha própria para as reuniões poéticas distribuídas aos participantes.
Definido o tema, os poetas têm poucos minutos para criar o seu poema e anotá-lo na folha de papel – feito isso, essas folhas (sem identificação do autor) são recolhidas e devidamente guardadas.
Na edição presencial do 15º Concurso, que contou com a participação de 27 haikuístas, adotou-se esse mesmo procedimento. O tema escolhido foi “eki” (estação ferroviária) e cada um escolheu o termo sazonal para inserir em suas criações.
Terminado o prazo, os papeis são embaralhados e distribuídos em sequência a cada um dos participantes para que façam a sua seleção individual e escolham as 5 melhores Obras Selecionadas. Por fim, há o momento em que os jurados se encarregam da seleção dos trabalhos.
Nesta edição, três professores tiveram a missão de selecionar 1 poema classificado como Prêmio Especial (tokusen) e mais 9 poemas como (Obra Selecionada – shūsaku). Os membros do júri justificam suas escolhas buscando, ao invés de acirrar a competição, passar um espírito de aprendizado mútuo coletivo.
A versão presencial (sekidai) do 15º Concurso teve o julgador: Hiroshi Ina, da cidade de Alumínio; e as julgadoras Saoko Kosai e Shinobu Yoshida, ambas de São Paulo.
Os poemas escolhidos como Selecionado Especial (tokusen) foram de autoria de:
・Saoko Kosai (SP)
・Shinobu Yoshida (SP)
・Ippo Ono (SP)
Já os autores que tiveram seus trabalhos classificados como Selecionados (shusaku) foram:
・Sayoko Kondo – Guatapará
・Saoko Kosai – São Paulo
・Moriya Asaumi – Mogi das cruzes
・Kazue Ishii – São Paulo
・Nobuyuki Miya – São Paulo
・Shinobu Yoshida – São Paulo
・Kazuko Chuma – Ribeirão Pires
・Midori Yamashiro – Ribeirão Pires
・Michiko Tanaka – São Paulo
・Yoko Tanioka – São Paulo
・Kazuyo Kodama – São Paulo
・Hozan Hirose – São Paulo
・Ippo Ono – São Paulo
・Nobuko Miyoshi – Jacaré
・Yurie Nishimori – São Paulo
・Tomiyo Hayashi – São Paulo
・Hiroshi Ina – Alumínio
Kendai
A participação por carta (e on-line) com o tema apresentado previamente ganhou força com as restrições impostas pela Covid e, também pelas dificuldades de mobilidade dos participantes, na maioria pessoas da terceira idade.
A versão kendai reuniu 61 participantes de vários estados do país – 4 do Amazonas, 2 de Espírito Santos, 1 de Minas Gerais, 8 do Pará, 1 de Pernambuco, 1 do Paraná, 2 do Rio Grande do Sul e 42 do Estado de São Paulo.
Para esta etapa não foi definido um tema, unicamente foi escolhido “Inverno” como termo sazonal (kigo). O fechamento das submissões para a versão remota foi até o final de mês de maio, seguindo-se depois, o processo de julgamento.
Nove professores tiveram a incumbência de analisar os trabalhos e indicar o poema tokusen (Prêmio Especial) e mais 9 haiku classificados como shūsaku (Obra Selecionada). Entre o júri, destaque para o prof. Yoshikazu Shiraishi do Japão. Seguindo o ritual, cada um dos jurados teve de comentar sobre sua escolha do Prêmio Especial e indicar mais 9 poemas haiku como Obra Selecionada.
A seguir, acompanhe os haikuístas selecionados: identificação do jurado, o autor do poema do Prêmio Especial e, em seguida, os 9 autores dos haiku Obra Selecionada e local da residência.
Publicação da coletânea das obras selecionadas
Na tarde do dia 18 de agosto, ao término do julgamento, foi realizada a cerimônia para outorga de medalhas aos premiados e selecionados das modalidades sekidai e kendai.
Atualmente, está sendo preparada a edição da coletânea dos poemas selecionados do Concurso em formato bilingue (japonês/português) apenas para os que foram agraciados com o Prêmio Especial.
“Nos anos anteriores, era costume a publicação da coletânea somente em japonês, mas desde 2022 resolvemos inovar traduzindo para o português as justificativas de cada jurado, e inserir o significado em português dos poemas premiados”, anuncia a profa. Neide Nagae, presidente da Comissão de Atividades Literárias.
Reconhece que a missão de traduzir haiku é desafiante, mas acredita que “isso é uma forma de valorizar o belíssimo trabalho realizado por todos os participantes que nos enviam seus haiku em língua japonesa, e de torná-los conhecidos pelos brasileiros e dos que não dominam a língua japonesa, além de estimular a prática dessa forma poética, e da poesia como um todo em nosso país”.
Ressalta que, “para todas as tarefas, contamos com a valiosa dedicação dos voluntários da nossa Comissão do Concurso de Haiku, presidida pelo Sr. Nobuyuki Miyagawa”.
Esclarece que as traduções para o português têm sido realizadas até hoje por Beatriz Morelato e Shiho Tanaka, ambas integrantes da Comissão de Atividades Literárias. Este ano, “contamos, excepcionalmente, com a contribuição do Prof. Diogo da Silva, como colaborador externo da Coletânea”.