
Fotos por: Marcel Uyeta
“Fomos contemplados com dois finais de semana do Festival das Cerejeiras de tempo bom e clima muito agradável o que contribuiu para a presença muito grande de visitantes”, afirmou Roberto Tanaka, coordenador da 28ª edição do Sakura Matsuri – Festival das Cerejeiras Bunkyos, realizada nos dias 5/6 e 12/13 de julho último.
O evento, que já vinha registrando crescente aumento de público, especialmente de caravana de turistas, nesta edição calcula-se que cerca de 55 mil pessoas estiveram no Parque Bunkyo Kokushikan, em São Roque. “Consideramos um resultado excepcional graças à combinação das ações de marketing e assessoria de imprensa, às atuações de diversas equipes de voluntários do Bunkyo e das entidades nipo-brasileiras da região”, destacou o coordenador.
“Foram longos e cuidadosos preparativos de diversas equipes, todos comprometidos com o propósito de oferecer aos visitantes um passeio agradável em companhia de familiares e de seus pets”, continua Tanaka, “para poder admirar a beleza das cerejeiras que florescem somente uma vez ao ano”.
Esclarece que, na primeira semana, muitos pés ainda estavam carregados de botões mas, com a combinação entre temperatura baixa e depois alta, em pouco tempo todas as sakuras se abriram. “Nossos visitantes da segunda semana do Festival foram privilegiados com a plena floração de nossas cerejeiras espalhadas em vários bosques no Kokushikan”, conta Tanaka.
Paciência com a poeira e as intermináveis filas


O Sakura Matsuri é um evento para ser desfrutado com calma, sem pressa, sugerem os fieis visitantes do evento, tendo como premissa inicial o fato que “estamos no meio da natureza, a poeira e o caminho irregular com pedriscos podem representar um incômodo para quem vive na zona urbana”. Fato é que os organizadores, dentro do possível, têm buscado oferecer mais conforto aos visitantes”. Ressaltam, para comodidades dos visitantes, principalmente à pessoas com mobilizada reduzida, um trenzinho movimenta-se pelos locais estratégicos do Festival.
Outro item são as tradicionais filas – inevitáveis nas bancas onde servem os pratos de maior preferência. É preciso um pouco de paciência, mas sempre se consegue saborear o prato predileto! Nas últimas edições do Sakura Matsuri, a organização tem buscado ampliar a Praça de Alimentação formando outro núcleo ao lado do Ginásio de Esporte.


A 28ª edição do Sakura Matsuri, além das tradicionais atrações (capitaneada pela concorrida Praça de Alimentação), trouxe shows artísticos, demonstrações de artes marciais, o gracioso desfile de pets e concurso de cosplay, tudo no amplo palco. Junto dele, foram instalados o Espaço para Crianças, Espaço Mallet Golf e Espaço com instalações de bambu para crianças baseadas em técnicas de campo para escoteiro montadas sob supervisão do Dr. Jorge Sototuka.
Ao final do evento, foi sorteada uma TV de LED 55″ – oferecimento da Fast Shop, aos visitantes que preencheram o cupom do estacionamento.


Atrações na área do Ginásio de esporte







No Ginásio de Esporte, outro polo de atração, o público pôde visitar (e adquirir!), em seu interior, as criações dos “Artist´s Alley”, e nos painéis colocados logo na entrada conhecer sobre o sistema ALPS de tratamento de água contaminada por resíduos atômicos decorrente do terremoto de Fukushima (Japão).
No lado externo do Ginásio, foi montada a área de oficinas reunindo diversas especialidades da cultura japonesa: gastronomia, arte koguei, bonsai, shogui e gô, shodô, origami, entre outras. Destaque ainda para a Praça de Bazaristas que oferece as mais variadas opções de compras. Também, próximo ao Ginásio, em meio às cerejeiras floridas e bem cuidado jardim, a Associação Cotia Seinen, promoveu em seu salão a Cerimônia de Chá em parceria com a Associação Chadô Urasenke.
Espaço da Melhor Idade, fotografias e Tanabata






Atrações à beira do lago: espaço da melhor idade; obentô de sanma; concurso de fotogradia da Fujifilm e Tanabata.
Nesse tour pelas cerejeiras floridas, o visitante encontrou, à beira do lago, o Espaço da Melhor Idade com várias atrações conduzidas pelos voluntários do Ikoi-no-Sono. Além de vários jogos (principalmente para exercitar a memória), foi instalado o karaokê e, no primeiro final de semana, foi servido o concorrido obentô de sanma (peixe importado do Japão).
Ao lado do Espaço da Melhor Idade, foi montada a exposição do Concurso Bunkyo de Fotografia 2024, com apoio da FujiFilm. Neste mesmo local, os interessados fizeram suas inscrições para a próxima edição do concurso que premia os três primeiros colocados com uma câmera instantânea Instax da FujiFilm. Neste ano, 497 pessoas se inscreveram para enviar suas fotos tiradas durante este Festival até o próximo dia 30 de julho (em 2024, foram 258 inscritos).
Ao lado, outra intensa movimentação – trata-se do Espaço Tanabata com a venda de tanzaku (pequenas tiras de papel colorido) em que cada um escreve seu desejo e amarra-o nos galhos de bambu próximos dali.
Esses tanzakus, como manda a tradição, no ultimo dia do Festival, no dia 13 à tarde, foram recolhidos e queimados durante um ritual budista celebrado pelo monge Sakurai, enquanto simbolicamente, a fumaça elevava ao infinito os desejos expressos em cada tanzaku.
Tooro Nagashi, uma celebração aos antepassados


Aliás, falando em tradição religiosa, realizou-se com grande sucesso a 1ª edição do Tooro Nagashi no lago central das atividades do Festival. Este ritual guarda uma série de simbolismos: no Japão é realizado durante a época de Finados e uma vela é colocada no pequeno barco que é solto no rio e levado pela correnteza.
Acredita-se que, no dia de Finados, os espíritos dos antepassados visitam seus familiares e, o ritual do Tooro Nagashi representa “levar de volta” esses espíritos pelo caminho iluminado.
“Nosso desejo foi o de combinar a beleza das cerejeiras floridas, a alegria do festival com a tradição japonesa de celebrar os nossos antepassados”, explica Marcelo Nagao, coordenador do Tooro Nagashi. “Foi um momento de muita emoção e poesia poder prestar reverência aos nossos entes queridos num cenário com o sol se pondo e as luzes de Tooro caminhando suavemente pelo lago”.
O ritual do Tooro Nagashi aconteceu no sábado, dia 6, e oficializado pelo monge Sosuke Sakurai do Templo Budista Jodoshu Nippakuji de Ibiuna.
Expo Bunkyo Agro

Outro ponto de atração foi a 3ª Exposição Agrícola Bunkyo, montada na tenda ao lado da Praça de Alimentação. Na entrada chamava atenção a exposição de tratores da Yanmar e da concessionária Agro Kayama. Ao lado, numa das tendas, a Sansuy instalou uma maquete de Aquaponia (sistema que integra hidroponia com criação de animais aquáticos, como peixes). No outro espaço, a Kanaflex apresentou amostras de tubos de mangueiras e da Dynacs, os tubos de hidroponia e mini hidroponia.



Na tenda principal, nas fileiras de estandes laterais foram instaladas os parceiros da SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) e os parceiros da Secretaria da Agricultura com os produtos artesanais. Destaque ainda para a SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), a Prefeitura de São Roque com seus parceiros. Também estiveram nos estandes a APPC – Cooperativa Agroindustrial de Pilar do Sul com frutas e a ISLA/SAKATA com uma variedade de sementes. No espaço da exposição ainda foram instaladas as bancas de flores (de Edson Yoshimatsu), de hortaliças de Renato e Kenji Suzuki e vendas de mudas de sakura, ipê e manacá da serra produzidas no Kokushikan.
“Sekai ichi”, a maçã mais fotografada e filmada




No espaço central, a ExpoAgro preparou uma exposição especial em homenagem aos 70 anos do Bunkyo e 130 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão. “Foi uma oportunidade para apresentar os produtos que cultivamos, aqui no Brasil, e que resultam desse intercâmbio entre os dois países e têm como referência o dedicado trabalho dos imigrantes japoneses e seus descendentes”, explica Nelson Kamitsuji, presidente da Comissão Rural Kiyoshi Yamamoto, coordenador da exposição.
A mostra ExpoAgro foi organizada basicamente em três temas: a contribuição na floricultura, fruticultura e hortaliças. Apresentou ainda as sacas de café (em grãos) fornecidas pela Fazenda Aliança e amostras de casulos e fio de seda cru cedidas para Bratac Fiação de Seda, localizada em Bastos. A intenção foi a de representar as duas atividades importantes nos tempos pioneiros da imigração japonesa no Brasil.
A ExpoAgro também trouxe duas referências de importância histórica graças à colaboração de Tsutomu Taniguchi, presidente da Associação Cultural e Esportiva de Vargem Grande: um jipe Bandeirantes da Toyota, conhecido por sua robustez, ícone do intercâmbio Brasil-Japão. Sua produção foi iniciada em São Bernardo do Campo, em 1962, como a primeira fábrica da Toyota no exterior. Sua produção foi até 2001, com cerca de 100 mil veículos. O outro foi um Fusca 1300, com o logotipo de CAC – Cooperativa Agrícola de Cotia, dando destaque ao papel fundamental das cooperativas agrícolas para o desenvolvimento econômico dos nipo-brasileiros.

“Quando decidimos montar essa exposição, não imaginamos o tamanho dos desafios”, recorda Nelson Kamitsuji, “as frutas têm sua temporada específica, o mesmo ocorre com as flores, e manter todas as hortaliças vivas durante toda a exposição foi complicado”. Ressalta que, felizmente, contou com a colaboração de produtores de diversas regiões.
Para as frutas, além do apoio da APPC – Cooperativa Agroindustrial de Pilar do Sul, recebeu frutas de produtores de Petrolina (PE) especializados no cultivo de uvas e mangas. De São Joaquim (SC), o grupo Hiragami, além das famosas maças Fuji e Gala, enviou a raridade de maçã chamada “Sekai Ichi” (Número um do mundo), lançada no Japão, em 1974. Crocante e suculenta, cada maça pode chegar até 1,5kg, e é símbolo da excelência da agricultura japonesa.
“Foi a maior atração da exposição, fotografada e filmada”, comenta Kamitsuji e, muita gente, contrariando as orientações, fez questão de pegar a maçã nas mãos para certificar-se se era verdadeiras. É considerada uma das frutas mais caras do mundo.
Quanto às hortaliças, a exposição contou com os cuidados especiais de Renata e Kenji Suzuki que, além de fornecer os melhores produtos de sua chácara, ainda procuram substituir as folhagens tão logo ficavam murchas (as alfaces, por exemplo).
“Filho, olha aqui o bicho da seda que a gente só vê pela televisão”, eram os comentários de vários pais chamando a atenção para a bandeja com os casulos e fios de seda cru. E, ficavam maravilhados ao saber que esses “simples” casulos podem conter cerca de 300 a 1.500 metros de fios de seda!
“Enfim, em linhas gerais, esse foi o nosso movimentado 28º Sakura Matsuri. A cada edição, histórias novas para contar e novos desafios a serem superados e sucesso a ser compartilhado”, ressalta o coordenador Roberto Tanaka. “E, a cada edição, nosso compromisso de oferecer um Festival cada vez melhor. Muito obrigado a todos, aos voluntários, visitantes, patrocinadores e apoiadores”, completa.


