O motivo é o lançamento do livro “Treino e(m) poema”, de autoria de Kazuo Ohno (1906/2010), um dos dançarinos japoneses mais relevantes do século 20, que, juntamente com Tatsumi Hijikata, foi responsável pelo estabelecimento do butô.
O momento é plenamente justificado para prestar homenagem a um casal de pioneiros, Takao Kusuno e Felícia Ogawa – responsáveis pela difusão do butô no Brasil – e a quem este livro é dedicado.
Takao Kusuno, que chegou ao Brasil em 1977, no Japão começou como artista plástico e se transformou uma espécie de “interventor cênico”, conforme escreve Christine Greiner, pesquisadora e autora de livros sobre o butô, num artigo do Guia da Cultura Japonesa, publicado em 2004 pela Editora JBC e Fundação Japão.
Sua vinda “deu novo rumo à sua e à nossa história, começando com o espetáculo ‘Corpo I’, no Museu de Arte de São Paulo. O experimento inaugurou mais que uma ‘interpretação diferente’ do dançarino J.C. Viola. Era um novo corpo, dançando na aparente imobilidade, em estado crítico e que lhe valeu o prêmio de melhor diretor em 1978, pela Associação Paulista de Críticos de Arte”.
Nessa efervescência criativa, em 1986, com o apoio da Fundação Japão e do SESC e da família, relembra a professora Greiner, Takao Kusuno e Felícia Ogawa (sua grande companheira de vida e de criação artística) coordenaram a vinda do dançarino de butô Kazuo Ohno, “mudando radicalmente os conceitos de dança e teatro no País”. Nos anos seguintes, não só o mestre retornou ao Brasil, como também seu filho, Yoshito Ono veio para uma série de apresentações.
Takao ainda assinou outras criações: O Olho do Tamanduá (1995), A Flor da Vida (1998), Quimera – O Anjo Vai Voando (1999). Faleceu em 2001.
O livro de Kazuo Ohno “Treino e(m) poema”, traduzido para o português por Tae Suzuki, possibilitar ao leitor “adentrar no universo particular dos treinos que o dançarino ministrou em seu estúdio, entre o final da década de 1970 e 1997”, destaca a apresentação da publicação. E, sinaliza, “os ensinamentos de Kazuo Ohno partem sempre da dança, mas falam sobretudo da vida”.
O lançamento do livro e confraternização dos amigos de Takao Kusuno e Felícia Ogawa (para os quais o livro é dedicado), será realizado no próximo dia 2 de agosto, terça-feira, das 18h às 21h30, no Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, Rua São Joaquim, 381 – 9º andar – Liberdade – SP.