54º Prêmio Kiyoshi Yamamoto

Compartilhe

A cerimônia de homenagem

Quatro destaques do setor agrícola do país protagonizaram mais um encontro sobre suas expertises e resultados conquistados na cerimônia do 54º Prêmio Kiyoshi Yamamoto, no último dia 31 de outubro, no Salão Nobre do Bunkyo.

Nesse ano em que se comemoram os 130 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão e 70 anos de fundação do Bunkyo, foram indicados quatro homenageados: o Prof. Dr. Keigo Minami, Miguel Massake Makiyama, Takeo Kimura e Fundação Shunji Nishimura.

A cerimônia de homenagem contou com a presença do Cônsul Adjunto do Consulado Geral do Japão, Jiro Takamoto; membro do Conselho Curador da Fundação Kunito Miyasaka Augusto Tatibana; neto do Dr. Kiyoshi Yamamoto, Luiz Toshio Yamamoto; presidente do Bunkyo Roberto Yoshihiro Nishio, presidente da Comissão Bunkyo Rural Prêmio Kiyoshi Yamamoto Nelson Kamitsuji; além dos familiares e amigos dos homenageados.

Presidente Roberto Yoshihiro Nishio no momento de sua saudação

Legado de gerações

A Fundação Shunji Nishimura foi representada por Fábio Nishimura, neto de Shunji Nishimura, imigrante japonês que iniciou as atividades em Pompeia (SP) com a fábrica Jacto, em 1948.

Destacando que a Fundação “tem trabalhado na formação de pequenos agricultores e na formação de homens para que pudessem trabalhar na terra”, lembrou que o avô recebeu o mesmo Prêmio em 1980.

“Quarenta e cinco anos depois, estou aqui representando a Fundação e recebendo o mesmo Prêmio, e encontrei com Luiz Toshio, neto do senhor Yamamoto”, ressaltou Fábio Nishimura. “Isso me traz à memória o que as gerações têm feito. O legado que tem deixado os nossos avós, os nosso pais. Encontrando o Luiz, fico pensando que legado bonito. Que coisa boa que tem passado de geração a gerações. Isso precisa continuar”.

Fábio Nishimura em sua saudação, além de agradecer a “honrosa premiação”, acrescentou que “esse reconhecimento nos inspira a continuar caminhando no sentido de lutar pelo nosso Brasil”.

O presidente Roberto Yoshihiro Nishio (à esq.) fez a entrega do diploma ao representante da Fundação Shunji Nishimura, Fábio Nishimura (à dir.)

Sala de aula, seu local favorito


O Prof. Dr. Keigo Minami, da Esalq/USP, em sua saudação, relatou sobre sua atuação docente desde 1971, carreira iniciada pela “paixão genuína pelo ensino. Sempre acredite que educar, muito mais do que transmitir conhecimento, é inspirar, motivar e ajudar as pessoas a descobrirem o melhor de si mesmos”.

Um dos responsáveis pela introdução dos sistemas de irrigação por gotejamento e da produção de hortaliças e ornamentais em recipientes”, o homenageado admite que, na realidade, “a sala de aula sempre foi o meu lugar favorito”.

Ao longo de sua carreira, o Prof. Dr. Minami participou de 400 publicações, orientou mais de 200 trabalhos acadêmicos e de aproximadamente 600 bancas examinadoras.

Nelson Kamitsuji (à esq.) fez a entrega do diploma ao Prof. Dr. Keigo Minami (à dir.)

Trabalhar e a sabedoria de ouvir

Natural de Cambará (PR) e atualmente residente na Colônia Esperança (Arapongas/PR), Miguel Massake Makiyama construiu uma trajetória marcada pelo trabalho, dedicação à agricultura, à cultura e à comunidade. 

O importante legado de Makiyama tem início em 1950 ao plantar em seu sítio pouco mais de 40 sementes de abacates comuns, e com o tempo notou que um dos pés se destacava pela produtividade e maturação tardia. Graças a sua dedicação, e orientação do engenheiro Masasuke Mashima, chegou-se à variedade que foi denominada como cultivar Margarida, nome para em homenagem na sua mulher. Em sua saudação, durante a homenagem, ressaltou “a gente tem que trabalhar, mas também temos de ouvir”. De acordo com ele, “esse ouvir é importante para o crescimento do país. Porque, só falar, falar, a gente não consegue. Mas ouvindo, a gente dobra o conhecimento”.

Cônsul Adjunto do Consulado Geral do Japão, Jiro Takamoto (à esq.) fez a entrega
do diploma a Miguel Massake Makiyama (à dir.)

Algo grandioso pelo país, sonho realizado

Takeo Kimura, 93 anos de idade, conta que chegou ao Brasil em 1956 com o sonho de “deixar algo grandioso para o Brasil”.  De acordo com ele, “trabalhei arduamente durante 30 anos e fui abençoado com oito filhos e quando eles cresceram e se estabilizaram economicamente, voltei a refletir sobre a minha missão, o meu motivo de ter vindo ao Brasil”.

Kimura conta que “rezava todos os dias ao nosso Senhor perguntando o que deveria fazer”, e um dia a resposta veio por meio de “uma voz que me dizia que eu deveria plantar no Nordeste”. Sem ideia de como fazer, passou a rezar diariamente em busca de orientações e, “mais trinta anos se passaram”.

“Quase aos 90 anos de idade, me meio a chance de plantar figos no Nordeste, no Ceará, mais precisamente. Na ocasião, acreditou que a minha prece havia sido atendida”, continua seu relato. Assim, admite, enfrentando os mais pesados desafios, começou a empreitada com 10 mil pés de figo e já no primeiro ano estava confiante que o empreendimento seria um sucesso. E tem sido até agora. “O que eu fiz foi apenas semear a fé, mas agora a família e muitos estão envolvidos nesse empreendimento”, afirma, acrescentando que as orações diárias ainda continuam para que esse empreendimento tenha continuidade.

Conselho Curador da Fundação Kunito Miyasaka Augusto Tatibana(à esq.) fez a entrega
do diploma a Takeo Kimura (à dir.)

Texto com a contribuição de Aldo Shiguti, do jornal Brasil Nikkei

Confira o calendário de eventos completo