A devolução desse imóvel está relacionada aos primórdios da trajetória dos imigrantes japoneses e seus descendentes em Santos – que, em alguns momentos, foi recheada de sobressaltos, como aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial.
Porta de entrada na chegada ao Brasil, a cidade de Santos foi uma referência marcante aos imigrantes japoneses que ali fixaram residência, ou permaneceram temporariamente, enquanto buscavam alternativas de trabalho.
Os registros históricos indicam que, em 1929, funcionava a Sociedade Japonesa de Santos que, além das atividades socioculturais, mantinha uma escola de língua japonesa. Suas instalações ficavam em um casarão adquirido com o apoio do governo japonês na Rua Paraná, 129, no bairro Vila Mathias.
Levantamento da Prefeitura Municipal de Santos indicava que, por volta de 1943, residiam na cidade cerca de 3.800 japoneses e descendentes (perto de 800 famílias). No decreto-lei de 11 de março de 1942, além do congelamento de bens dos originários dos países do Eixo, também foi determinada a nacionalização das instituições mantidas por eles.
Com base nessa lei do congelamento, as instalações da Associação – cuja escola já havia encerrado suas atividades – passaram a ser ocupadas pelo Exército após a Era Vargas. Além disso, em 1943, foi decretada a remoção de todos os súditos do Eixo da zona litorânea, em especial de Santos, no prazo de 24 horas.
Parte desses imigrantes retornou a Santos, mas o caso da sede da Associação só neste ano caminha para uma solução final. Uma proposta de devolução, encaminhada pelo então deputado federal Koyu Iha, tramitou no Congresso Nacional desde 1994 e foi retomada por iniciativa do deputado federal João Paulo Papa (PSDB/SP).
Em 2006, a Secretaria de Patrimônio da União permitiu o uso do imóvel para as atividades da Associação Japonesa de Santos e, em 2008, o casarão foi reinaugurado com a presença do príncipe Naruhito, durante as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. Hoje, o espaço recebe eventos, cursos e atividades culturais, além de manter o ensino da língua japonesa em uma escola com mais de 100 alunos.
Em julho deste ano, uma comitiva de diretores da Associação esteve juntamente com o deputado João Paulo Papa em uma reunião com o primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara, que também contou com o reforço do Embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda.